Caxias, 26 de Maio de 2012
Minha querida,
respondo ao teu incompreensível desafio de te demostrar que
sou o teu melhor par, que é como se chama o parceiro na dança, que poderias
imaginar.
Sim, imaginar, porque é disso que se trata quando se trata
de dançar. Pois… dançar! Percorrer, com a música a correr nas veias, horas e
horas de prazer com a suprema volúpia de sentir o coração a bater, que só nós
sentimos, e sempre a par, sempre a par, dialogando e saltando…
Poderás encontrar outro caminho, mas será este que
perderás... não se pode ter um pé num e outro noutro quando eles se bifurcam...
Para dançar assim é para uma viagem que te convido… eu, tu e
a música, o resto risca-se….
Que mais te posso eu dizer? Que a tua incompreensível
dúvida, repito, apaga as luzes todas à nossa volta, cessa todos os rumores e
acordes, cria o deserto, o silêncio, desce a noite escura que lá fora nos
rodeia?
Vem, está na tua mão reabrir as portas do salão, sermos os
reis da festa, tocar à reunião, inundar-nos de luz, de som, de multidão…
Há muito que me preparo para o momento para o qual sei de
antemão que nunca estarei suficientemente preparado porque faltas tu. (E,
lembra-te, só existiremos nós!)…
Deita as dúvidas fora, entremos, que a dança é nossa!
Espanta os espíritos, que é na perdição da dança que reside
a salvação.
Teu, com a certeza da resposta,
R.