quarta-feira, 30 de junho de 2010


Como me libertar da cabeça sem a cortar?
Como cortar com a cabeça sem a perder?

terça-feira, 29 de junho de 2010

Cruzo-me com alguém na rua que chora.
Subitamente faz-se o vácuo à minha volta. Só vejo para dentro e entre mim e o horizonte não há nada, apenas uma paisagem anónima, indistinta e movediça...
Bruscamente a vida sobe de volume.
Mais e mais entro em piloto automático; entre mim e o que faço nada existe e só o acto conta.
Pés nus em sandálias: é verão.
A cisterna está cheia mas só a nascente transborda.

domingo, 27 de junho de 2010

Dos "Fragmentos de um discurso amoroso" de Roland Barthes


Um Koan budista citado:
"O mestre segura a cabeça do discípulo debaixo de água, muito, muito tempo; pouco a pouco, as bolhas rareiam; no ultimo instante, o mestre retira o discípulo, reanima-o: quando tiveres desejado a verdade como desejaste o ar, então saberás o que ela é".
Dois poderosos mitos fizeram-nos acreditar que o amor podia, devia sublimar-se em criação estética: o mito socrático (amar serve para criar uma multidão de belos e magníficos discursos) e o mito romântico (produzirei uma obra imortal escrevendo a minha paixão).
.
... (Dizem-me: essa forma de amor não é viável. Mas como avaliar a viabilidade? Por que razão ser viável é um Bem? Por que razão durar é melhor que arder?)

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Não ter ilusões é ainda uma ilusão.
Com todos os riscos que ela tem, é preciso acreditar na vida.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

hai-kai

Nos abismos

é que se abrem as asas.

domingo, 20 de junho de 2010

Nada pessoal
"O talento sabe quando parar.
É-se demasiado culto para saber o que é bom."
....
O cultural e o natural são uma tira de moebius.

terça-feira, 15 de junho de 2010

A actualidade é, sempre, uma actualização.

domingo, 13 de junho de 2010

As coisas vêm sempre às revoadas, como um bando de pássaros. Como vêm, vão. Mas atrevo-me a dizer que em avalanche, o que desmente a leveza das aves.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Zás!... para quem não acredita no acaso, os acontecimentos têm outra dimensão!
No meio de uma tempestade de areia, é como se só restassem meia dúzia de sílabas de algumas expressões que o vento e a tempestade tivessem apagado: ajustam-se a várias interpretações e nenhuma delas segura. E no entanto, avançamos…
A vida é uma bifurcação permanente.
Nunca se deve confundir o respeito pelo outro com o respeito pelas suas ideias.
Não sei viver. Nunca saberei.
E pressinto que é fácil: basta ser capaz de aceitar a vida.
E como não sei, passo e passarei a vida a aprender. E a primeira coisa que aprendi foi que só se aprende à custa do sofrimento.