sábado, 28 de julho de 2012

sexta-feira, 27 de julho de 2012

«Mas o amor não se acalma com fantasmas. Tem fome de realidade, necessita de "presença e figura", de íntegra claridade, de entendimento.»


Maria Zembrano,  in A Agonia da Europa

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Que posso eu dizer da menina perdida no seu jardim?
O tempo não ajuda, o sol é inclemente e o relógio uma prisão.
Atravessei a manhã a vau e concluí que só o autêntico pode ser simples.

terça-feira, 24 de julho de 2012

segunda-feira, 23 de julho de 2012


Se escrevermos a pensar no outro escrevemos com uma caneta de dois bicos e a dualidade do traço esfumará a precisão, vibra mas não define. O espelho devolver-nos-á uma imagem embaciada.

Alguma coisa se partiu.
Um sentimento de que as minhas coordenadas, passado, historia pessoal, não tem paralelo, nem quando olho para trás, nem agora, neste momento, com alguém que conheça na actualidade. Sempre me imaginei, e assim cresci, um indivíduo de pensamento e de acção. Primeiro desencontro. São coisas dicotómicas, pelo menos para a forma como as pessoas estão arrumadas nesta sociedade. Depois o problema geracional (ocorre-me uma frase com sabor antigo: vi os melhores da minha geração estiolarem ou estoirarem…): desterrado, só pude, como qualquer inadaptado, criar raízes na água ou no ar e nunca me senti fazer parte de uma falange na qual me espelhasse. Sempre à frente ou sempre atrás, nunca ao lado. A idade? Um permanente, constante e idêntico sentimento. Sempre antes ou depois, raramente ao mesmo tempo. E além disso, a idade é uma indumentária a que viver com os outros obriga. O que é real é a memória e a decadência. A memória é dolorosa, ou melhor, ambas o são. A memória é uma tragédia: é um aperto no coração, uma solidão sem solução, sem lenitivo… Mesmo quando recordamos em voz alta, com receio que tanto silêncio possa conduzir ao esquecimento, não compreendem a dimensão do que dizemos e o que nos parecia inacreditável e por isso único, é para os outros apenas inacreditável… Da decadência, física, trata-se apenas da sensação de uma máscara desfigurada mal ajustada, colada ao nosso rosto, e que não conseguimos arrancar. 

terça-feira, 17 de julho de 2012

A vida é uma viagem de ida e volta à infância.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Todos estamos sujeitos a uma prova de resistência.

Lutar pela lucidez é um trabalho diário. É muito importante ter a cabeça acima das vagas, não ser submergido pelas ondas, ter uma certa distância de tudo…
A nossa força está em sermos inteiros ao repartirmo-nos pelo mundo.
Não há soluções para o presente no passado. Unir uma análise a um êxtase numa proposta é válido para a Arquitectura (deslindar os fios, cerzir o rasgão e continuar o pano), também para qualquer acto criador, mas não é uma atitude que possa ser transposta para situações de liberdade condicionada. Há que ter em conta o que não depende de nós.
Quanto ao porvir, há uma escolha a fazer, ou caminhar para a luz ou entender que a noite nos espera. Gostaria de dizer: na noite há uma luz que nos espera, pois é na escuridão que a luz mais brilha.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

terça-feira, 10 de julho de 2012

A beleza é um momento, em suspenso..., antes da queda ou do mergulho!

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Quem podia vir comigo já se perdeu na vida. Ou então, fui eu que saí do caminho.
A sensualidade é uma profissão de fé na vida que desfaz as suas comportas.

Todos os dias vamos morrendo um pouco. Por vias mais ou menos tortas vamo-nos aproximando do momento da partida. Mas nada sabemos do cais que nos está reservado. Nem temos consciência da viagem que fazemos: temos a ilusão que é a paisagem que se move e que nós estamos imóveis. Como quando a escuridão vai progressivamente cobrindo a terra inteira à medida que as luzes se vão apagando uma a uma, assim, à medida que as caras conhecidas vão desaparecendo, vamos ganhando consciência que nos encaminhamos para a mais completa solidão e para o nosso fim; que as testemunhas, quando as houve, dos nossos grandes momentos se vão, levando também consigo bocados dessas memórias que rasgam na nossa carne. As imagens do espelho, fiel e áspero, são os únicos marcos que nos informam de quanto já andamos porque nós, para nós, somos sempre iguais. Somos nós e a nossa memória. Somos agora e ontem.

Também nascemos com o sol todos os dias. E vivemos com desespero, na esperança de que o amor nos salve.

sábado, 7 de julho de 2012

Edward Weston- Tina Modotti, 1921
(a irrealidade)
Vivo num quarto claro. A irrealidade entra pelas frinchas das janelas, por debaixo da porta. Tenho dificuldade em a dominar. Quando abro as janelas ou a porta, para renovar o ar, inunda sofregamente o compartimento. A custo, empurro a janela ou arrasto a porta. Quando, enfim, consigo encostar a porta, cerrar a janela, correr o trinco, não tenho sequer tempo para descansar, aos braçados apanho e arrumo essa substância odorífera, colorida e ponderosa que, insidosa, pretende invadir e expulsar-me do quarto que é o meu. É um jogo do gato e do rato. Sem ela não posso viver, mas com ela sei que não é a verdadeira vida que se me oferece. É um alimento que em excesso mata. E antes de matar, embriaga. mas está tudo muito bem feito: é quase perfeito! A dose certa é a que penetra nas fretas das janelas ou por debaixo da porta. O problema são as visões, a transparência das janelas, o sufoco de tudo estar fechado. Calma, digo para comigo, apostado em manter o equilíbrio dos fluidos...



(André Kertész)

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Até me parece impossível que nunca tenha encontrado a Nadja! sim, a "Nadja, por ser em russo o começo da palavra esperança, e por não ser senão o começo."!!
Estou deliciado.

terça-feira, 3 de julho de 2012






















Nina Leen

Nada é mais ensurdecedor do que o silêncio depois do fragor.
(…)
Nuvens, rios, bátegas, lágrimas, poças e charcos, tudo vai dar ao mar. Antes terno regato, fio de água entre pedras, murmúrio de verão que conhece todas as estações, do que rio rugidor sujeito a diques e barragens. Ser isto, ser aquilo, tudo formas de deixar de ser. Não acredito nos campos. Acredito no campo e nas searas que ouço ondear ao vento.