sábado, 30 de junho de 2012

Colecciono os sítios de onde volto outro.


quinta-feira, 28 de junho de 2012















Richard Avedon


“Ahora que lo pienso la idiotez debe ser eso: poder entusiasmarse todo el tiempo por cualquier cosa que a uno le guste, sin que un dibujito en una pared tenga que verse menoscabado por el recuerdo de los frescos de Giotto en Padua. La idiotez debe ser una especie de presencia y recomienzo constante: ahora me gusta esta piedrita amarilla, ahora me gusta “L’année dernière à Marienbad”, ahora me gustas tú, ratita, ahora me gusta esa increíble locomotora bufando en la Gare de Lyon, ahora me gusta ese cartel arrancado y sucio. Ahora me gusta, me gusta tanto, ahora soy yo, reincidentemente yo, el idiota perfecto en su idiotez que no sabe que es idiota y goza perdido en su goce, hasta que la primera frase inteligente lo devuelva a la conciencia de su idiotez y lo haga buscar presuroso un cigarrillo con manos torpes, mirando al suelo, comprendiendo y a veces aceptando porque también un idiota tiene que vivir, claro que hasta otro pato u otro cartel, y así siempre.”

Julio Cortázar

quarta-feira, 27 de junho de 2012


Estamos condenados a ler sinais, ainda que as palavras tenham o poder de rasgar paredes… As palavras que voam da boca quando fazem o ninho no destino, se lá chegarem, já são outras. Os sinais são mais modestos, mais incertos, abrem-se à imaginação e são vítimas dela.

          * * *

Estamos separados dos outros por uma grossa parede de vidro, como se a partir do corredor observássemos os demais num aquário infinito. Será por isso que quando os contemplamos imersos nos nossos próprios sentimentos, ao mesmo tempo que mais lucidamente os analisamos porque estamos desapaixonados, menores reacções provocamos?
Há qualquer coisa de espiritual nisto (é notório que estamos embriagados com os nossos pensamentos), mas há também e simultaneamente qualquer coisa de físico, de animal, como acontece quando nos acercamos de qualquer ser do mundo natural, alheados, e ele pressente que nada tem a temer de nós.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

(ainda o Verão)

Há uma certa maré nas coisas humanas
Espero pelo verão como por outra vida


Ruy Belo



domingo, 24 de junho de 2012


“O âmbito do poema
É o por fazer (…)
Diz António Ramos Rosa

Durante muito tempo, julguei que tinha tempo. Mas nunca, ainda é pior do que tarde de mais.
Tentar é procurar. Tentar adiar.
Fazer é encontrar. Fazer acontecer.
Há sempre uma hipótese nova para dispor as velhas peças.

sábado, 23 de junho de 2012


O Verão é a vida, no que ela tem de cálido e doce. Até o cansaço é bom! (Ai, a febre!) Os panos esvoaçantes… Os pés nus das mulheres...

E a luz, meu Deus! Que recorta os volumes e desenha as sombras, tão precisas quanto eles…

Existem coisas piores que estar sozinho mas geralmente leva décadas para entender isso e quase sempre quando você entende, é tarde demais.
E não há nada pior que tarde demais.


CHARLES BUKOWSKI

sexta-feira, 22 de junho de 2012



Se te queres ver livre da incerteza, vê-te livre da esperança.

É preciso macular sempre alguma coisa para a fazer descer à terra.

Como espectador sinto-me muito mais livre do que quem está imerso e dominado pela corrente do vai-vem do dia a dia.


Se sabemos do que gostamos porque é que nos preocupamos em adaptá-lo à nossa realidade? Cada modificação é uma alteração e cada alteração uma concessão: ficamos sem o que queríamos e ainda por cima com o desgosto de sermos os responsáveis por isso...

É preferível, e mais eficaz, mudar a realidade do que tentar mudar os sonhos.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Escrevo para me esclarecer.

terça-feira, 19 de junho de 2012


Enchi a barriga!


Uma esplanada à beira de um jardim é como estar sentado à beira de um regato com os pés dentro de água num dia de verão.


segunda-feira, 18 de junho de 2012


A facilidade com que efabulas deve ser a facilidade com que acordas. Dos sonhos. Eles estarão sempre à tua espera. Depois de mortos analisa os seus cadáveres. Muito te dirão de ti.
Só metade das palavras chega ao seu destino. O resto é fumo, são sinais: imagens. Caímos num mundo inventado em que só podemos acreditar enquanto saibamos que a todo o momento podemos acordar. Só não se trai os sonhos enquanto acreditarmos neles.

sábado, 16 de junho de 2012

Viajar no deserto é viajar sem fim.

sexta-feira, 15 de junho de 2012



A voz do destino não se pode vencer, quanto muito, como diziam os gregos, podem -- os heróis -- estar à altura dela.
Amanhece: a terra acorda: o sol aproxima-se.
As aves são o clarim do dia. O mar é o espelho do céu.
O olho do sol rompeu a linha do horizonte
e encandeou-me como um projector.
A vida enlouquece os homens: o impossível parece-lhes a ponte para os seus sonhos...

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Esta luminosa manhã...

O desenho das sombras resulta implacavelmente do jogo do objecto entre a luz e o plano sobre o qual se projecta. Este resultado indubitável tem a certeza como critério. Que invejável, num mundo de sombras!

segunda-feira, 11 de junho de 2012


Francesca Woodman


Assisto ao espectáculo do meu lento desaparecimento.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Kestész
(Em casa de Mondrian, Paris, 1926)

quarta-feira, 6 de junho de 2012


Acompanhei o trânsito de Vénús!
Felizmente há o Bhagavad Gîtâ na banca de cabeceira!

A pressa pode ser uma forma de hesitação.

domingo, 3 de junho de 2012


O caminho mais curto para os outros passa por nós.
Pensar é um vício;
mas na pura acção sinto-me muito mais eu:
É a diferença entre falar e ouvir.

sábado, 2 de junho de 2012

Coincidência

(Adriana Molder da série Mad about the Boy, a Besta, 2011)