domingo, 27 de maio de 2012


Caxias, 26 de Maio de 2012

Minha querida,
respondo ao teu incompreensível desafio de te demostrar que sou o teu melhor par, que é como se chama o parceiro na dança, que poderias imaginar.
Sim, imaginar, porque é disso que se trata quando se trata de dançar. Pois… dançar! Percorrer, com a música a correr nas veias, horas e horas de prazer com a suprema volúpia de sentir o coração a bater, que só nós sentimos, e sempre a par, sempre a par, dialogando e saltando…
Poderás encontrar outro caminho, mas será este que perderás... não se pode ter um pé num e outro noutro quando eles se bifurcam...
Para dançar assim é para uma viagem que te convido… eu, tu e a música, o resto risca-se….
Que mais te posso eu dizer? Que a tua incompreensível dúvida, repito, apaga as luzes todas à nossa volta, cessa todos os rumores e acordes, cria o deserto, o silêncio, desce a noite escura que lá fora nos rodeia?
Vem, está na tua mão reabrir as portas do salão, sermos os reis da festa, tocar à reunião, inundar-nos de luz, de som, de multidão…
Há muito que me preparo para o momento para o qual sei de antemão que nunca estarei suficientemente preparado porque faltas tu. (E, lembra-te, só existiremos nós!)…
Deita as dúvidas fora, entremos, que a dança é nossa! 
Espanta os espíritos, que é na perdição da dança que reside a salvação.

Teu, com a certeza da resposta,
R.

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