Perder completamente o medo pode ser assustador... mas é tão bom!

em Faro

no Alentejo

A estética é muito importante: é uma forma de prestar permanentemente atenção às coisas, uma espécie de amor instantâneo...

Como dizia o Jorge, os velhos descobrem atónitos que são as crianças que sempre foram. (Quando, porventura, pensaram que as palmadas nas costas e ou outros tratamentos as tinham definitivamente arredado dos seus caminhos).

A vaidade é um sentimento que nos enfraquece, enquanto que a fé em nós próprios nos reforça.

Estranhar a própria voz corresponde a um mergulho dentro de nós: aonde ir buscar o oxigénio?

A necessidade, a bondade... da escrita?!
Pois, se só ela me pacifica...
(...como duas crianças de mão dada)

Mas escrever é também escrever no escuro...
Daí a importância da escrita luminosa...

(Acabei outro caderno).

...E o barco vai de partida.

Domingo de verão: evoca sabores e odores... sob o calor das férias, os cães dormem deitados de lado e, afastando-se, o voo serpenteado dos casais das borboletas enamoradas...

Descobri que as nossas caras têm várias sobrepostas, a da dor, a do encantamento..., rodam ou substituem-se, as dos extremos são a da infância e da velhice, que podem coincidir e formar o circulo perfeito.

Viver não é fácil nem natural, exige coragem de abraçar o querer e muito discernimento.

A serenidade é a próxima conquista.

(Claro que misturo a arte com a vida).

Quem sabe o que é a Glória sabe o que é o tapete voador...
Chega o verão e as coisas começam a acontecer...

...Eles aí estão, todos os condimentos para o fim do mundo!

É preciso que a quilha do barco deslize sobre a superfície espelhada das águas, e que a proa não se eleve e se abata sobre o ventre do mar...

Ah! Há lá alguma coisa que chegue à luz do fim da tarde do verão!...

Aqui já existiram trompas e elefantes...

Aqui já existiram trompas e elefantes.
As trompas extinguiram-se há muito e os elefantes foram-se também....
mas os tambores ressoam ainda e acordam os rios e as florestas.
Lá longe o mar (é tão grande que tem o longe dentro)
Por cima e em cima, o céu
(o relâmpago no ar, que nada pode travar)
Tudo crepita, no incêndio final.
Cai a noite, enquanto a terra aguarda a aurora.
Pode-se ser tudo quando se ouve música no correr da água...
O sangue corre-me, ainda, e a alta velocidade, nas veias...
De vez em quando estala lá em cima uma lágrima, como uma estrela ou um foguete
A sobreposição é também composição,
de resto, a única que resta, até à libertação
Só dentro de nós podemos guardar tudo,
até ao bater das asas pela porta aberta da gaiola

Para a vida só há uma solução: viver, viver sem medo. E não é fácil, para viver sem medo é preciso não ter medo de morrer, estar sempre pronto para partir...

É tão difícil encontrar uma luz nas trevas que não podemos senão rejubilar-nos com a presença de quem connosco avança na noite...

O bem e o belo não é o bom e o bonito. Repito... a beleza salvará o mundo!
Se acreditares em ti, poderás dinamitar todos os diques!
Uma vida cheia é uma vida sem espaços em branco.

Uma vida cheia... uma vida bem vivida!
(Tudo isto é para, e de, meia dúzia de pessoas)

(à Guida)

Porque é que sonho tanto?

E tão intensamente que me chego a convencer que é verdade o que sonho?

Quando acordo, não acordo de um sonho, acordo de um pesadelo!

Porque o pesadelo é o sonho que não acontece!... (Saber que ele não faz parte da vida, e até que ponto somos joguete da nossa imaginação...)

ida a Guimarães

Porque é que sonho tanto?

E tão intensamente que me chego a convencer que é verdade o que sonho?

Quando acordo, não acordo de um sonho, acordo de um pesadelo!