passeio, despedida do ano

Herberto Helder dito pelo Dória!

                                                               

Francesca Woodman

Há quem me conheça melhor que eu próprio.

Turner (detalhe)

O amor exclui o dever.

Falar é desencaminhar!

Tudo são mal-entendidos. Aos actos de maldade ou estupidez somam-se com frequência os conduzidos pela desejada correcção que desembocam estrondosamente nas mais desastradas situações. A tudo assistimos, sentados um pouco à margem, por opção, ou por não haver outro remédio. O certo mesmo é que só o silêncio não engana porque nada diz ou porque diz tudo o que se queira nele ouvir. 

Sei lá por quantos universos não passei para aqui chegar. Está-se sempre a tempo de fazer uma vida de solteiro.

Digo a mim mesmo que devo ter juízo: todos os contos de fadas já aconteceram, o futuro é a sério e triste.
O segredo está em construir algo para nós, alguma coisa que nos satisfaça, qualquer coisa como um  quarto só para nós, como dizia a Virgínia Woolf.

Escrever é um alívio!
Olho para o que escrevi como a árvore olha para as folhas mortas à sua volta, que o vento arrasta.

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graffitis

Cortei as ligações.
Não há comunicações. Só tele
patia.

Só temos urgência quando é tarde demais.

Temo ter perdido a chave, ainda que o segredo continue guardado no cofre.
Há sempre um sentido à espera das coisas...

Dejeuner sur l'herbe

Água, lava-me a alma

(Conversas íntimas com P. Cézanne ao fundo).

O perigo de levar longe demais o corte com os outros é cortarmos com nós próprios e perdermo-nos na loucura. Mas é um perigo remoto, porque à medida que nos afastamos dos outros vamos avançando dentro de nós.

O sexo é o nosso seguro de vida.

Quem trocará o certo pelo incerto? (pois se o certo não existe...). As grandes horas são as silenciosas. A ausência de todos os sons é tão difícil como qualquer outra. O que me rodeia exala um rugido surdo. Finalmente é Outono, podem-se contar as folhas nas árvores e a nudez do inverno tirita, desolada com saudades do verão.

Como estou é que sou. Hoje.

Tenho vertigens... quer olhe para trás, quer olhe para a frente...

Quem não tem terra, onde tem o seu rincão? Na memória ameaçada, nos amigos, nos irmãos....

Agora, a noite avança sobre o dia, a luz é uma penumbra e tudo suspira pelo recolhimento...

Nada é imediato, tudo é reescrito.