Sim, consigo!
Encontrar dez centímetros livres na plataforma para pôr os pés, não ter outro apoio do que os corpos da multidão que empurro para ter lugar, ouvir o silvo que anuncia a partida e, logo a seguir, o clac-clac das portas a cerrar...
O metro parte, e eu com ele!
Sim, consigo!
Estar profundamente embrenhado nos sonhos e mesmo assim sentir um lampejo familiar, um clarão, um sacão.... Abro os olhos, é a estação onde vou ficar... estico a mão, puxo a mochila para mim, voo até á porta sacudindo tudo à minha passagem...
Pés no cais, cerro surdo das portas, a composição arranca... e eu fico!
É o começo, mil vezes repetido, do dia. Chove, para variar.
A excitação faz-nos saltar por cima da cabeça do cavalo... Num sistema rígido como este, não há motivos para ficar excitado!