segunda-feira, 18 de julho de 2022

 Tempos ásperos:

O sono aos sacões, cheio de bruscas interrupções, a vigília submersa por um quase sonambulismo. Um cansaço constante dado que o descanso é esparso. Tudo pela vida sem arrumação e pelas rotinas desfeitas pelo vórtice dos dias sempre iguais. Sobretudo a falta de um propósito, como de uma mão no leme. O sentimento de um tempo irrecuperável e sempre e só o refrigério da arte, da escrita, tendo sempre presente a definição de Beckett de que 'A arte é a apoteose da solidão'.

Ainda me perguntam porque escrevo? As palavras reencontradas após uma longa ausência são uma bóia de salvação, pedras do caminho e única garantia contra a perdição.


(Ter 19/07/22)

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