quarta-feira, 27 de junho de 2012


Estamos condenados a ler sinais, ainda que as palavras tenham o poder de rasgar paredes… As palavras que voam da boca quando fazem o ninho no destino, se lá chegarem, já são outras. Os sinais são mais modestos, mais incertos, abrem-se à imaginação e são vítimas dela.

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Estamos separados dos outros por uma grossa parede de vidro, como se a partir do corredor observássemos os demais num aquário infinito. Será por isso que quando os contemplamos imersos nos nossos próprios sentimentos, ao mesmo tempo que mais lucidamente os analisamos porque estamos desapaixonados, menores reacções provocamos?
Há qualquer coisa de espiritual nisto (é notório que estamos embriagados com os nossos pensamentos), mas há também e simultaneamente qualquer coisa de físico, de animal, como acontece quando nos acercamos de qualquer ser do mundo natural, alheados, e ele pressente que nada tem a temer de nós.

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