Estamos condenados a ler sinais,
ainda que as palavras tenham o poder de rasgar paredes… As palavras que voam da
boca quando fazem o ninho no destino, se lá chegarem, já são outras. Os sinais
são mais modestos, mais incertos, abrem-se à imaginação e são vítimas dela.
Estamos separados dos outros por
uma grossa parede de vidro, como se a partir do corredor observássemos os
demais num aquário infinito. Será por isso que quando os contemplamos imersos
nos nossos próprios sentimentos, ao mesmo tempo que mais lucidamente os
analisamos porque estamos desapaixonados, menores reacções provocamos?
Há qualquer coisa de espiritual
nisto (é notório que estamos embriagados com os nossos pensamentos), mas há
também e simultaneamente qualquer coisa de físico, de animal, como acontece
quando nos acercamos de qualquer ser do mundo natural, alheados, e ele
pressente que nada tem a temer de nós.
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