sábado, 22 de janeiro de 2011
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
domingo, 16 de janeiro de 2011
Extremos e limites
sexta-feira, 14 de janeiro de 2011
muito pessoal
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
Olhos
Estimados olhos meus, vocês não estão nada bem.
Dão-me um desenho pouco nítido,
Com cores desbotadas.
No entanto, vocês eram a matilha de reais cães de caça
Com que outrora eu saía de manhã.
Vorazes olhos meus, vocês viram tantos
Países e cidades, ilhas e oceanos.
Saudavam comigo as sumptuosas alvoradas
Quando a respiração profunda convidava a correr
Pelas veredas onde o orvalho se secava.
Tudo o que viram está agora dentro de mim,
Transformado em memória ou sonhos.
A pouco e pouco vou-me afastando da feira do mundo
E descubro em mim uma certa aversão
À roupa amacacada, à gritaria e ao ressoar dos tambores.
Que alívio. A sós com os meus pensamentos
Acerca da semelhança básica entre os homens
E acerca do pequeno grão de dessemelhança.
Sem olhos, contemplando um ponto luminoso
Que se amplia e me envolve.
Onde quer que esteja
Onde quer que esteja, em qualquer lugar
na Terra, escondo dos outros a certeza de
que n ã o s o u d a q u i.
Como se tivesse sido enviado para absorver
o máximo das cores, sons, cheiros, sabores,
provar de tudo o que é
reservado ao Homem, converter o vivido
num registo mágico e levá-lo para lá, de onde
parti.